Hugo Motta viaja de avião da FAB e fala em cortar gastos

No dele é colírio, no nosso é pimenta

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, mal esquentou a cadeira e já mostrou como funciona a tal “economia” na política brasileira: pro povo, sacrifício; pra ele, passeio.

Enquanto a gente aqui no Brasil conta moeda no mercado, segura no cartão de crédito e escolhe qual conta vai atrasar, o deputado foi fazer “agenda oficial” na Europa, viajando de avião da FAB, com tudo pago. Isso mesmo. Avião da Força Aérea Brasileira, hospedagem, comida boa — tudo na conta do povo.

É muito fácil falar em cortar gastos quando não é o seu que tá sendo cortado. Fácil pedir responsabilidade fiscal quando você tá viajando com conforto, mordomia e dinheiro público. Pro povo, discurso duro. Pra eles, viagem internacional bancada por todos nós.

E o pior: eles falam em cortes, sim — mas só nos programas sociais. É BPC, Bolsa Família, saúde, educação, transporte… tudo o que é essencial pra quem mais precisa. Cortar avião da FAB, não. Cortar auxílio-moradia, não. Cortar regalia de deputado, muito menos.

Hugo Motta sentiu o golpe. Depois de várias ações que vão contra o povo pobre e a favor dos ricos, o presidente da Câmara não resistiu aos ataques nas redes sociais. A cobrança veio forte, e não é para menos.

Como dizia minha mãe: no dele é colírio, no nosso é pimenta. O colírio foi o avião da FAB, o hotel de luxo, os vinhos. A pimenta caiu, de novo, no olho de quem pega ônibus lotado, enfrenta fila no SUS e ouve que “não tem dinheiro”.

E não para por aí. Essa turma vota pra cortar direito de trabalhador, quer continuar com jornada 6x1, derruba imposto pra milionário… mas não abre mão de regalia nenhuma.

Hugo Motta, agora presidente da Câmara, mostrou bem direitinho qual é a prioridade. E não, não é o povo que rala.

O jogo tá virando.

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*Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do ARENA DE NOTÍCIAS.

Sobre o autor: Jorge Guimarães é Cientista Social, professor de sociologia, foi sindicalista e atuou por 16 anos na Câmara dos Deputados. Trabalhou no INEP, contribuindo com a educação pública, e foi diretor da Fundação de Assistência Social de Porto Alegre.