Ontem, 5 de junho de 2025, no Dia Mundial do Meio Ambiente, Viamão mostrou mais uma vez que não vai se calar.
06/06/2025 10h41Atualizado há 2 semanas
Por: Jorge Francisco de Oliveira Guimarães
Mesmo na noite fria, Viamão se aqueceu na força do povo e gritou junto: NÃO AO LIXÃO! / Foto: arquivo
Mesmo na noite fria de Viamão, o povo enfrentou o vento gelado e foi pra rua com coragem, cartazes na mão, e o coração quente de luta. Bem ali, em frente à Igreja Matriz, no centro da cidade, se reuniu quem não aceita calado a destruição dos nossos territórios.
O ato começou com arte. Uma intervenção abriu o encontro, mexendo com os sentimentos de quem estava lá. Em seguida, veio a leitura da Carta Manifesto, com palavras firmes contra os retrocessos, as ameaças, o descaso. Pessoas dos mais diversos cantos – indígenas, camponeses, estudantes, técnicos agroecológicos, moradores das vilas e do campo – tomaram o microfone para contar o que vivem e o que defendem. Não era só denúncia, era também afeto, firmeza e esperança.
Um dos momentos mais marcantes foi quando as imagens começaram a ser projetadas nas paredes da igreja. Fotos, vídeos, cenas que escancararam os impactos e perigos que rondam Viamão com o avanço do lixão e de projetos que destroem o meio ambiente. Muita gente se emocionou. Era impossível não se sentir tocado diante daquelas imagens.
A cidade ouviu. Viamão ouviu.
Uma exposição foi montada com fotos dos territórios do município e também da cultura Mbya Guarani da Retomada Nhe’Engatu. Uma forma bonita e potente de mostrar que o que está em jogo é muito mais do que terreno e lixo: é história, é ancestralidade, é a vida das pessoas.
Durante o ato, também foi lançada a proposta de criar uma Frente Socioambiental em Viamão. Uma ideia que nasce da urgência, mas também da vontade de construir juntos um futuro diferente. A Carta Manifesto será entregue aos três poderes – municipal, estadual e federal – como um chamado à responsabilidade e à ação.
Viamão resiste. Mesmo com ameaças, com criminalização, com projetos de lei que tentam passar por cima dos direitos e da natureza, o povo segue firme. Quem esteve lá sentiu isso: a luta segue viva, alimentada pela união de quem não aceita ver seu território virando depósito de injustiça. Pela água, pela mata, pelos povos, pelo futuro – Viamão segue em marcha.
Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do ARENA DE NOTÍCIAS.
Sobre o autor: Jorge Francisco de Oliveira Guimarães é Cientista Social, professor de sociologia, foi sindicalista e atuou por 16 anos na Câmara dos Deputados. Trabalhou no INEP, contribuindo com a educação pública, e foi diretor da Fundação de Assistência Social de Porto Alegre.
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Viamão - RSViamão preserva seu patrimônio histórico e ambiental, sendo lar de belas paisagens e rica biodiversidade. É uma das cidades mais antigas do estado e carrega forte identidade cultural.