Câmara envergonha o Brasil e aprova anistia ao golpismo!
Em votação relâmpago e vergonhosa, a Câmara aprovou por 315 votos a suspensão das ações penais contra Ramagem e o núcleo civil do golpe. A decisão favorece Bolsonaro, Anderson Torres e outros envolvidos na tentativa de ruptura democrática. Um ataque frontal à Constituição, ao STF e à memória do 8 de janeiro.
08/05/2025 07h26Atualizado há 3 dias
Por: Jorge Francisco de Oliveira Guimarães
A decisão abre precedente para estender essa proteção indevida a outros envolvidos na tentativa de golpe, incluindo o próprio Bolsonaro, Anderson Torres e assessores militares e civis. / Foto: internet
Na noite de 7 de maio de 2025, a Câmara dos Deputados tomou uma decisão que compromete gravemente a credibilidade das instituições democráticas no Brasil. Com 315 votos favoráveis, foi aprovada a suspensão das ações penais no Supremo Tribunal Federal contra Alexandre Ramagem (PL-RJ), acusado de integrar o núcleo de inteligência do plano golpista liderado por Jair Bolsonaro.
A justificativa usada por parte dos parlamentares foi o artigo 53 da Constituição, que trata da imunidade parlamentar. No entanto, essa interpretação é questionável: os atos atribuídos a Ramagem ocorreram antes de sua diplomação como deputado federal, quando ainda era diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Aplicar imunidade a esse período é distorcer o texto constitucional para proteger aliados políticos.
O impacto vai além do caso específico. A decisão abre precedente para estender essa proteção indevida a outros envolvidos na tentativa de golpe, incluindo o próprio Bolsonaro, Anderson Torres e assessores militares e civis. Em vez de colaborar com o processo de apuração e responsabilização, a Câmara escolheu paralisar a Justiça.
Essa atitude sinaliza uma clara deterioração institucional. A maioria dos deputados optou por proteger agentes públicos acusados de atentar contra o Estado Democrático de Direito. O presidente da Câmara, Hugo Motta, teve papel central nesse processo: permitiu a votação em regime de urgência, articulou sua tramitação e se manteve em silêncio diante da gravidade do conteúdo. Em vez de liderar com responsabilidade, liderou com conivência.
Não se trata apenas de disputa política — trata-se do enfraquecimento deliberado dos mecanismos de controle e responsabilização que sustentam qualquer democracia minimamente funcional. A Câmara, em vez de ser um contrapeso ao autoritarismo, tornou-se cúmplice dele.
Depois de invadirem o Congresso em 8 de janeiro de 2023, os golpistas agora ocupam legalmente o plenário — e com a proteção da própria Câmara. O que antes parecia um ataque externo à democracia, hoje se consolida como um processo interno de erosão institucional, conduzido de terno, gravata e articulação política. Não há dúvida: o golpe entrou pela porta da frente, com 315 votos e o aval silencioso de Hugo Motta.
Sobre o autor: Jorge Francisco de Oliveira Guimarães é Cientista Social, foi sindicalista, atuou por 16 anos na Câmara dos Deputados e foi diretor da Fundação de Assistência Social de Porto Alegre.
Nenhumcomentário
* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou com palavras ofensivas.
Brasília - DF"Brasília está situada no Planalto Central e surgiu após anos de questionamentos históricos e geográficos sobre a transferência de poder político do litoral para o interior do país, em algum ponto central. Fundada em 21 de abril de 1960, Brasília é palco de intensas transformações e repleta de diversidades, tanto do ponto de vista econômico, em relação à distribuição de renda, quanto do ponto de vista social, ao se analisar a população que contempla a capital e todo seu entorno, nas regiões a