O azeite de oliva, um ingrediente essencial na culinária brasileira, tem sofrido um aumento significativo nos preços nos últimos meses. Esse aumento, que atingiu até 80% em 2023, afeta profundamente o setor de bares e restaurantes, além de pesar no bolso dos consumidores.
Segundo maior importador e sétimo maior consumidor do produto no mundo, conforme dados do Conselho Oleícola Internacional (COI), o Brasil está enfrentando dificuldades com a alta nos preços, sem perspectivas de melhora a curto prazo.
Ricardo Castanho, especialista em azeites e instrutor na Associação Brasileira de Sommeliers de São Paulo (ABS-SP), destaca que o desequilíbrio ambiental é um dos principais responsáveis pelo cenário atual. “As mudanças climáticas afetaram muito a safra 2022-2023. As principais regiões produtoras do mundo, como Espanha, Itália e Portugal, foram muito prejudicadas. Isso impactou demais o volume total do azeite produzido no mundo, que normalmente passava dos 3,3 milhões de toneladas, mas que caiu para 2,7 milhões”, explica.
Em 2022, a safra global de azeite de oliva foi a pior da história, com uma queda de 26% em relação à média histórica. O especialista complementa: “isso, como em qualquer mercado, diminuiu a oferta do produto, os preços subiram e tivemos uma onda de remarca”.
A alta nos preços do azeite gera sérias consequências para os estabelecimentos de alimentação. O aumento dos custos pode afetar a lucratividade dos negócios, levando a ajustes nos preços dos cardápios para o consumidor final.
Além disso, a busca por alternativas é complicada, pois a substituição por outros óleos vegetais pode alterar o sabor e a qualidade dos pratos. A atenção à qualidade e origem do azeite também se torna crucial, pois o mercado está mais suscetível à venda de produtos adulterados. Garantir produtos certificados, com selos de qualidade de órgãos renomados, é fundamental.
Adriana Lara, líder de educação e produtividade da Abrasel, enfatiza a principal preocupação do momento na compra de azeites: “Buscar alternativas de outros fornecedores que ofereçam preços mais em conta pode ser um risco, porque isso deixa os compradores suscetíveis aos casos de food fraud, que é como são chamadas as adulterações intencionais de alimentos com o intuito de ganho econômico”, afirma.
Adriana, também especialista em segurança dos alimentos, ressalta que o impacto nos lucros de bares e restaurantes é significativo. “Produtos de qualidade têm preço. O azeite de boa qualidade sofre pouca deterioração, enquanto uma mistura de óleos, que é a fraude mais comum, tende a oxidar mais rápido e causar alterações no produto”, explica ela.
O aumento de preço no varejo afeta o orçamento das famílias, potencialmente reduzindo o consumo. A procedência do produto deve ser cuidadosamente observada, com o público optando por marcas confiáveis e com selos de qualidade para evitar a compra de produtos adulterados.
Sensação
Vento
Umidade